The Land is Mine (Essa Terra é Minha)

 Autores: Diego Loiola e Mateus Novais

 Tema da aula

A representação do etnocentrismo na obra The Land Is Mine

 Objetivos

Partindo da matriz de referência do Programa de Avaliação Seriada (PAS), o qual compõe em sua relação de obras o  vídeo The Land is Mine, é visado que as/os alunas/os possam identificar e interpretar os objetivos centrais e periféricos do material em questão. Também como compreender os fenômenos que a obra pode expressar, tal como políticos, geográficos e manifestações culturais. Esperando-se, principalmente, que atinja o entendimento de etnocentrismo.

 O que as/os estudantes podem apreender com essa atividade

Primeiramente, já que incorporado à obra, e a partir de sua análise/explicação, as/os estudantes poderão compreender, de forma geral, o conflito milenar entre o Estado de Israel e a Palestina e o modo como este se estruturou e se mantém. Além disso, sobretudo, compreenderem o conceito de etnocentrismo, que partindo do exemplo da obra pode ser pensado e transposto nos mais diversos temas e problematizações que podem vir a executar.

 Roteiro

 Montar com fita um quadrado no chão da sala de aula no qual caiba todos os alunos de forma desconfortável, e fazer perguntas (orientação em anexo) que os façam entrar e sair de acordo com as respostas. (aprox. 15 min.);

  1. Apresentar o vídeo e dividir a turma em grupos orientados por perguntas guia (em anexo) . (aprox. 15 min.)
  2. Apresentação oral das respostas da turma e reflexões da dinâmica (aprox. 15 min.)
  3. Explicação do conflito e conceito de etnocentrismo (aprox. 15 min)
  4. Pedir para que os mesmos grupos pensem atitudes etnocêntricas no dia a dia e/ou na sociedade em geral. (Aprox. 10 min)
  5. Abrir para o debate. (Aprox. 10 min.)

 Recursos didáticos/ Estratégias de ensino

Esta aula pretende que o docente esteja mais em um papel de orientação do que de autoridade, ou seja, seguindo as diretrizes do roteiro, as/os alunas/os estarão participando do processo e instigando o conteúdo a partir das reflexões e respostas de si mesmos. Desse modo, inicialmente com o desconforto e reflexão a partir da dinâmica, o assunto e sua problemática/importância ficam ilustrados de forma “palpável” e didática para seguir de base e exemplificação ao longo da aula. Assim como, pedir a exemplificação de etnocentrismos no cotidiano atual, pode, além de assentar melhor o conceito, trazer um interesse e um debate rico à respeito dessa forma de analisar e conceituar atitudes negativas. E não menos importante, no momento inicial as/os alunas/os orientados em grupo irão compartilhar com a turma os resultados a partir de suas discussões e interpretações. Em suma, as discentes estarão a todo momento participando na construção desse conhecimento e em constante dialogicidade entre os outros e o docente.

 Conteúdo

A presente obra, The Land Is Mine de Nina Paley, uma cartunista dos Estados Unidos, é conteúdo da 3ª etapa do Programa De Avaliação Seriada (PAS). Com 24 representações de povos e culturas diferentes, o vídeo, em consonância com a música, retrata o conflito milenar na região da palestina, atual Estado de Israel. Assim, a animação é uma crítica aos ataques israelenses na região e ao conflito que perdura em cima de uma terra que é historicamente construída a partir de interesses oriundos de conflitos territoriais, religiosos e identitários. No vídeo, mesmo que as tensões sejam indicadas desde os primeiros habitantes, nos é suficiente se atentar em diante o fim do século XIX, momento em que região da palestina estava sob domínio do Império Otomano. Nesta época ocorreu o surgimento do sionismo, teoria de Theodor Herzl a qual defendia que a sobrevivência do povo judeu dependia da criação de um Estado próprio,. Em seguida, ao fim da primeira Guerra Mundial, a Inglaterra em comando  da região impulsionou a imigração judaica para o território. Imigração que continuou, já por outro motivo, nas décadas de 1930 e 1940 devido à perseguição nazista na Europa. Não obstante, em 1947 a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou a partilha entre árabes e judeus, criando o Estado de Israel, mas não o da Palestina, que por sua vez foi dividido em pedaços e com partes tomada por Israel (imagem em anexo do território ao longo do conflito).

Esses conflitos e entre outras questões, como a criação dos grupos extremistas Hezbollah e Hamas, compõem essa obra do PAS. Porém, é coerente que numa aula de sociologia para o Ensino Médio não é necessariamente preciso adentrar nessa história ou em todas os conflitos e circunstâncias que o permeiam em si. Dado uma análise geral dos acontecimentos, o assunto escolhido nesse plano de aula para dar continuidade de forma ampla ao conteúdo da animação é o etnocentrismo. Mesmo sendo conteúdo da antropologia de primeiro ano, esse conceito pode ser um forte aliado para se tratar da criação de estados nacionais, da ideia de nação e cidadania e outros assuntos presentes no conteúdo de ciência política do terceiro ano.

Se baseando no texto 'Etnocentrismo e relativismo cultural - algumas reflexões' de Paulo Meneses, "o etnocentrismo é um preconceito que cada sociedade faz ou cada cultura produz, ao mesmo tempo que procura incutir em seus membros normas e valores peculiares". O preconceito etnocêntrico julga culturas, ações, povos e etc partindo do olhar de que, a que está observando é a correta e a observada a errada. Ou seja, a identificação de um si próprio dentro da sociedade, induz a rejeição de outras. O senso de superioridade e de negação do outro enquanto tal, combinada com a dominação do mesmo, seja aniquilando ou assimilando-o para a própria ideia de cultura e sociedade, também é parte do ser etnocêntrico. Com o etnocentrismo, "a diferença torna-se título que legítima a dominação e a exploração, já que demonstra uma degradação da condição humana (MENESES, 2000). Há alguns exemplos, como a época dos descobrimentos, onde a supremacia cristã era exaltada e o ideal a ser seguido era espalhado pelos missionários; a época do triunfo da ciência e do racionalismo, na qual o outro passa a ser oprimido pelo seu atraso em relação o mais alto nível espiritual que a civilização ocidental atingiu e deseja espalhar a cultura e o progresso para as demais; assim como o evolucionismo cultural, que constrói a escala onde o topo é ocupado pelo europeu e os outros povos estão em estágios anteriores cujo objetivo é a cultura dita como única e perfeita; e por fim, o próprio racismo, uma ideologia criada pela supremacia branca.

Em vista da discussão acima, o conflito histórico representado no vídeo de Paley converge com o conceito de etnocentrismo de diversas formas, seja a supremacia de um Estado ao outro, seja de uma cultura a outra ou de um povo ao outro. E também com a dinâmica proposta, além de ser um gatilho, como antes citado, para outros temas a serem trabalhados em sala. Eis algumas sugestões:

  • Formações de Estados nacionais/Movimentos nacionalistas;
  • Cidadania;
  • Terrorismo;
  • Comunidades imaginadas.

Na aula, ao desejo do docente, também podem ser citados obras como: o documentário ‘Disturbing the peace’ que segue ex-soldados palestinos e israelenses, cansados da guerra, defendendo a paz em manifestações não violentas; o filme Bacurau, que retrata a invasão de norte-americanos numa pequena cidade no interior do nordeste; o capítulo ‘O dilema da terra prometida’, do livro Êxodos de Sebastião Salgado, cuja duas páginas se passam no retorno de uma jovem ao afeganistão.

 Formas de avaliação

          A avaliação, além de ser constante na observação do docente a respeito da participação das/os alunas/os, pode se formalizar num relatório entregue na finalização da atividade do item 5 deste roteiro.

 Materiais

  • Vídeo legendado em português
  • Google maps (para ser usado no item 4 do roteiro a fim de apresentar o Estado de Israel e a demarcação da Palestina no globo)
  • Fita crepe
  • Projetor
  • Perguntas do item 2 do roteiro impressas.

 Anexos

 Vídeo legendado em português

 https://youtu.be/zYcPqfNRPOU

Sgestão: em meio às circunstâncias das redes de internet, pode ser necessário fazer o download do vídeo. Sendo assim, segue um tutorial para ajudar nessa questão: https://www.youtube.com/watch?v=EiLfn_BUCX8

 Orientação da dinâmica do item 1 do roteiro.

 

  • Montar um quadrado pequeno no centro da sala onde caiba poucos estudantes, e todos de forma incômoda, e informar que este representa um território. Toda vez que o indivíduo entrar nesse território ele pertence a ele e ganha um ponto.
  • Chamar um voluntário por vez para que este seja o líder da rodada.
  • Tal líder precisa fazer um critério social para que as pessoas saiam ou fiquem dentro do quadrado. Ex.: Quem vem de ônibus para escola fique dentro do quadrado.
  • Outra rodada começa com outro líder e outro critério até o tempo necessário. Ao fim, é contabilizado 3 pessoas com mais pontos.

    

Moral da dinâmica

Nesse território não há uma constância de liderança e nem mesmo regras (como a nossa constituição por exemplo) que assegura e garante o direito das populações e culturas ali existentes. Cada pessoa que assume o poder parte de sua própria ideologia para comandar as demais, ou seja, constantemente há guerras, conflitos, exílios, refugiados etc. Porém, ainda sim, todos querem ter o direito sobre esse espaço (por isso a recompensa - o ponto, por estar dentro).

 

Perguntas guia para os grupos após o vídeo do item 2 do roteiro.

 

  1. O que acontece durante o vídeo?
  2. Qual é a motivação dos personagens para guerrearem entre si?
  3. Quais os personagens vocês conseguem identificar?
  4. Cite três palavras chaves presente na música do vídeo.
  5. O que significa o título da obra The Land Is mine (Essa terra é minha)?
  6. O que o vídeo tem a ver com a dinâmica que vocês fizeram no começo da aula?

 

Imagem do território ao longo dos anos citado na parte de conteúdo

 Fonte: Toda matéria. https://www.todamateria.com.br/conflito-israel-palestina/

 Referências bibliográficas

 Matriz de Referência do Programa de Avaliação Seriada. Subprograma 2017-2019.

MENESES, P. Etnocentrismo e relativismo cultural - algumas reflexões. Revista Síntese, Belo Horizonte, v.27, n.88, p.245-254, 2000.