Vidas Secas – Graciliano Ramos
Autores: Conrado Albertini, Laura Carolina e Leonardo Pinho
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Analisar e debater o capítulo 1 da obra de Graciliano Ramos “Vidas Secas” buscando os principais temas e conceitos sociológicos;
- Apresentar o capítulo 1 da obra de C. Wright Mills, “A Imaginação Sociológica” situando os estudantes ao conceito de forma que eles sejam capazes de conectar suas realidades pessoais com os acontecimentos presentes em sociedade de forma que facilite a compreensão do “eu” no mundo;
- Apresentar o filme Vidas Secas – 1963 do diretor Nelson Pereira dos Santos, com o propósito de estimular a reflexão e “imaginação sociológica” de forma que ao final da aula os alunos saibam identificar conceitos sociológicos e conectar realidades;
- Estimular nos estudantes a reflexão acerca de possíveis soluções;
- Orientar os estudantes na elaboração de material criativo a partir do conteúdo visto em sala de aula.
CONTEÚDOS
- Apresentação, leitura dialógica e debate do primeiro capítulo da obra de Graciliano Ramos “Vidas Secas;
- Apresentação do primeiro capítulo do livro de C. Wright Mills, “A Imaginação Sociológica;
- Exibição do filme Vidas Secas;
- Orientação da atividade que os alunos deverão fazer em casa acerca do que foi estudado em sala de aula;
- Socialização do material produzido em casa pelos alunos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
- Aula expositiva com apoio de slides e som;
- Exibição do filme Vidas Secas;
- Participação e diálogo com os estudantes;
AVALIAÇÃO
- Atividade elaborada pelos estudantes (ver anexo);
- Socialização em sala de aula dos materiais produzidos pelos estudantes;
RECURSOS
- Computador, data show e caixa de som.
REFERÊNCIAS
Filme: Vidas Secas 1963. Diretor: Nelson Pereira dos Santos.
https://www.youtube.com/watch?v=m5fsDcFOdwQ
MILLS, C. Wright. [1959]. A imaginação Sociológica. Rio de janeiro: Editora Zahar. 2° ed. 1969.
RAMOS, Graciliano. [1938]. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Editora Record. 93° ed. 2004.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Tendo em vista a obra de Graciliano Ramos “Vidas Secas”, pretendemos ministrar 5 aulas de 50 minutos, onde nos dois primeiros horário seriam ministradas a aula expositiva apresentando o autor Graciliano Ramos, um breve resumo da obra Vidas Secas e em seguida seguiríamos para a leitura dialógica do primeiro capítulo. A leitura dialógica consiste em: Todos sentados com as cadeiras em círculo e logo após é iniciada a leitura destrinchando todo o capítulo. A leitura é alternada, ou seja, cada aluno, voluntariamente lê um parágrafo. Sem perguntar quem deseja ler, o estudante que quiser ler dá continuidade. Conforme os parágrafos são lidos, comentários, críticas, dúvidas, vão surgindo e formando um diálogo/debate.
Em seguida apresentaríamos o autor C. Wright Mills, depois um resumo do livro “A Imaginação Sociológica” com foco no primeiro capítulo do livro (A Promessa). A presente obra serve para enriquecer a aula apresentando o conceito de Imaginação Sociológica, proporcionando ao estudante a capacidade de pensar a sua realidade conectando com outras, possibilitando a compreensão de seu lugar no mundo.
Para apresentar o filme Vidas Secas, seriam necessárias duas aulas seguidas pois ele possui 1h e 40 minutos.
Após a exibição do filme, na aula seguinte (uma aula de 50 minutos) seriam discutidos e analisados os principais pontos do filme de forma a construir um debate e para encerrar seria entregue a atividade que os alunos fariam em casa.
Para concluir, seriam necessárias duas aulas seguidas de 50 minutos para a socialização do material produzido pelos alunos em casa (consultar o modelo de atividade proposto nos anexos).
OBJETIVOS CONTEUDÍSTICOS
Apresentar a biografia do autor bem como a sua relação com a política;
Discutir sobre como a formação do autor influiu na sua produção literária;
Acerca da obra, buscar temas fundamentais contidas na mesma (Fome, o conceito de retirante, a política coronelista, etc.);
Trazer o capítulo da Obra “Vidas Secas” para ser discutido em diálogo com os alunos;
Explicar, tendo como base a obra, o que são “os retirantes” e qual o contexto de insurgência desses grupos.
Primeira Parte – Dados biográficos e relação com a política: O objetivo é aproximar o autor dos discentes, trazendo as principais informações de sua biografia
Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de Outubro de 1892 e faleceu no dia 20 de Março de 1953, nordestino, este autor nunca abriu mão de nas suas obras relatar a condição do ser humano em terras nordestinas, estas, caracterizadas por uma desigualdade abrupta, produto de uma política coronelista centralizada em uma elite que não pensava em desenvolver o nordeste. Ademais, outra característica marcante da região, é seu clima predominante seco o que muitas das vezes, por conta disto, fez com que uma massa de pessoas tivesse que largar suas moradias para procurar outros lugares em busca da sobrevivência.
Jornalista enquanto vivo, Graciliano traz para suas obras literárias a linguagem direta e seca, talvez por conta de sua profissão. A ausência de adjetivos e sua escrita objetiva se opõem a um modelo literário que trabalha com a romantização de certos aspectos, este elemento direto e objetivo do autor pode ser visto como uma forma de apresentar aos leitores uma realidade nua e crua. O estilo com uma narrativa mais áspera e árdua rendeu ao literato muitos elogios da academia de letras e de outros escritores, que viam em Graciliano o escritor que para além de “contar histórias”, o sujeito que também denunciava a realidade vivida pelos sertanejos em um nordeste refém do seu passado e de seu clima.
O autor desde muito jovem viveu intensamente a política nordestina, tanto que em 1923 foi eleito prefeito de Alagoas, por ser comunista e discordar da agenda política de Getúlio Vargas, Graciliano Ramos foi preso de forma injusta, o autor sempre manteve a sua vida de político e escritor de mãos dadas.
A obra “Vidas Secas” - Material de apoio para o docente
A obra que será analisada chama-se Vidas Secas, livro escrito por Graciliano Ramos que foi publicado no ano de 1938, nele, o autor aborda a história de uma família de origem pobre vitimada pelo analfabetismo, pela desumanização e pela eterna condição do mudar-se, esta não no sentido pessoal, mas local. Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo e baleia, a cadela da família, viviam em uma constante mudança de lugar, por conta da condição climática da região sertaneja, a sobrevivência se tornava muito complicada, visto que a produção de alimentos era comprometida pelo fato da água ser escassa e do solo se tornar infértil, sendo este impróprio para o cultivo, a situação se complicava ainda mais porque não havia oportunidade de emprego ou atividade que garantisse o sustento da família.
O nome da obra “Vidas Secas” sugere um enredo pesado e infeliz, uma existência condicionada por uma realidade permeada pela secura de um ambiente insólito e triste. Fabiano trazia consigo uma preocupação em fazer com que seus filhos se tornassem pessoas acostumadas a lutar pelo seu destino, que na sua cabeça seria como o destino que encontrou: Uma vida baseada em sobreviver à seca trazida pelo clima natural da região, tendo em vista que o nordeste sempre foi assolado pelo sol impiedoso, pela infertilidade das terras e pela morte prematura de seres vivo, porém é necessário ter em vista que a seca é uma característica climática da região, portanto, a desumanização das pessoas ocorre devido a negligência dos governantes, ou seja, trata-se de uma questão social. Fabiano se preocupava com a criação dos meninos porquanto tinha na cabeça a imagem de São Tomás da bolandeira, homem letrado e inteligente, mas que não sabia como sobreviver naquele ambiente do qual era refém. O ponto é, tornar os meninos sábios como São Tomás ou trazê-los, como pensava Fabiano, para uma realidade que tornava os humanos tudo, menos seres humanos.
Um dos eixos temáticos trabalhados na obra é a desumanização dos corpos e da mente dos seres humanos, durante todo o enredo dá-se a entender que a cachorra baleia era mais humana que o próprio Fabiano, os meninos também não tinham nome. O nome sugere uma localização social, um pertencer a algo e ter o pertencimento de alguma coisa, ora, se o objetivo da família de Sinhá Vitória e Fabiano era tão somente sobreviver, de que importava a preocupação com os nomes dos filhos?
Os retirantes
O primeiro capítulo da obra, “mudança” começa com a seguinte passagem:
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. -Anda condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo (RAMOS, 2004, p. 9).
Esta passagem elucida o contexto em que os personagens estão envolvidos. A mudança que fizeram não foi por bel prazer, mas sim por conta da necessidade de sobreviver. O objetivo aqui é trazer à baila a ideia de que os personagens se enquadram em um fenômeno histórico-social marcado pelo êxodo, com a falta de emprego no nordeste, muitas pessoas largavam de forma radical a sua vida e seguiam para a região sudeste que era o local do país que vinha tendo muitos investimentos na área industrial. No entanto, a obra de Graciliano retrata outro tipo de êxodo, qual seja o marcado pela migração consequência de questões sociais, econômicas e climáticas, visto que o clima seco também afeta camadas sociais mais favorecidas. Fabiano e sua família encontraram uma fazenda abandonada por pessoas de certa forma abastadas.
Como consequência do abandono de suas terras, estes grupos são chamados na literatura e ciência como “retirantes”. Em alguns lugares o termo retirante possui as seguintes definições: Uma pessoa que mora no nordeste se muda para outro lugar com mais qualidade de vida, Sertanejo nordestino que emigra, fugindo à seca.[1]
A ideia de apresentar este conceito em aula é pensar a importância de estudar o movimento de retirantes dentro da sociedade brasileira, pois ele é um fenômeno que ainda ocorre na atualidade. Quais políticas públicas foram efetivadas para reduzir a fome nas regiões mais pobres do país? A geração de emprego e a transferência de renda, diminuíram a migração das pessoas postas nas situações descritas acima?[2]
Existe no Brasil, o programa Bolsa Família, o mesmo é entendido como um mecanismo que tem como objetivo erradicar a fome em locais de extrema pobreza e condições miseráveis além de fazer com as classes mais pobres tenham a possibilidade de obterem uma condição de vida melhor (colocar reportagem ou documentário sobre)
ANEXOS
ATIVIDADE
(3,0 pontos).
1- Tendo como base o conceito de “Imaginação Sociológica” apresentado em sala, descreva com suas palavras os problemas sociais presentes no seu dia-a-dia ou na sociedade semelhantes aos presentes na obra Vidas Secas. Apresente possíveis soluções que você consegue visualizar.
2 - Agora com base da obra Vidas Secas de Graciliano Ramos e Imaginação Sociológica de Wright Mills que foram apresentados, demonstre criativamente o que você aprendeu através de desenho, música, poesia ou outra atividade criativa que você quiser. A atividade será socializada em sala de aula. Lembre-se de citar o (a) autor (a) caso não seja você.
[1] https://www.dicionarioinformal.com.br/retirante/
[2] http://bolsa-familia.info/fome-zero.html