Intelectual e feminista: Lélia Gonzalez, a mulher que | Geral

 

Laboratório de Ensino Lélia Gonzalez

 

Diante das novas movimentações em torno da licenciatura em ciências sociais, desde o novo currículo até a consolidação do Pibid de sociologia, temos em andamento a criação do Laboratório de Ensino em Sociologia. Nós bolsistas do Pibid acompanhamos boa parte destes processos devido à proximidade com a professora Haydée Caruso. Ao longo de reflexões coletivas, nós estudantes chegamos a um consenso de que gostaríamos de nomear nosso laboratório de modo a homenagear alguma personalidade negra feminina que tenha tido uma importante atuação na área da docência em ciências sociais. Cogitamos alguns nomes como Antonieta de Barros nascida em Florianópolis no ano 1901 foi professora da educação básica por muitos anos, tendo criado uma escola voltada para a alfabetização de adultos vários dos quais ex-escravizados. Antonieta de Barros foi também a primeira mulher a assumir um cargo legislativo como deputada estadual em 1946. Ao longo de novas reflexões e pesquisas, acabamos por conhecer a trajetória de vida da antropóloga mineira Lélia Gonzalez (1935-1994) residente por muitos anos no Rio de Janeiro. Nesta cidade, Lélia Gonzalez traçou sua vida profissional e acadêmica dando atenção às temáticas de gênero e questões raciais. Graduou-se em História e Filosofia pela Universidade da Guanabara e foi, por muitos anos, professora da rede pública de ensino até seguir carreira acadêmica com mestrado em comunicação e doutorado em antropologia. Teve experiências docentes na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Durante a ditadura militar foi convidada por sua capacidade e competência profissional a ministrar cursos no exército brasileiro no Centro de Estudos de Pessoal. Suas conquistas profissionais, no entanto, não a afastaram da militância. A militante esteve ativa na criação de vários movimentos como o Movimento Negro Unificado (MNU), a Escola de Samba do Quilombo, o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras(IPCN), o Nzinga Coletivo de Mulheres Negras e o Olodum. Educadora ímpar por suas habilidades em aproximar estudantes de objetos estudados e em seus modos eficientes em transmitir conteúdos foi de suma importância para a propagação da cultura afro-brasileira. E a partir de nossas experiências no Pibid, observamos o quão significativo é ter um professor/a carismático/a que consiga aproximar os/as estudantes da disciplina. Acreditamos que Lélia Gonzalez seja figura pública modelo que representa uma forte liderança capaz de inspirar futuros docentes.Considerando que a nossa atuação no Pibid valoriza a importância histórica da atuação de Lélia Gonzales nas Ciências Sociais e na educação, pensamos que este é um nome adequado para o laboratório de ensino de Sociologia. Segundo Luiza Bairros, militante que conheceu Lélia Gonzalez no MNU: “Para mim, foi o traço mais característico de Lélia: a capacidade ímpar de nos instigar com a exuberância de sua fala e nos inspirar com a luminosidade própria de sua personalidade.”

 

Bibliografia:

http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n23_p347.pdf

http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2014/02/03/tornar-se-negra-intelectuale-ativista-percursos-de-lelia-gonzalez/

http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/176/artigo279488-1.asp